quinta-feira, 17 de março de 2011

I quit girls

No curso de Tradutor e Intérprete, a maioria dos alunos da turma tinham lá seus vinte e poucos, alguns até com mais de trinta. Eu era o mais novo da turma, com meus 17 anos recém feitos. Eu e uma colega mais velha (já era mãe de família e tudo) esperávamos a aula começar do lado de fora da sala, que estava trancada. Fomos os primeiros a chegar. Sentamos no corredor e eu logo puxei o meu mangá dos Cavaleiros Do Zodíaco da mochila e comecei a ler.
"Oh, que bonitinho! Lendo revistinha em quadrinhos!", disse a guria, sarcástica, rindo-se toda (no fundo ela me achava meigo. Até me convidara pra uma festa no segundo dia de aula. Mas isso já é outra história).
"Tá, né." Não falei nada. Fiquei sem saber o que dizer.
Logo mais chegou um outro colega. estudante de filosofia, metido a intelectual, sério. Logo a guria disse pra ele:
"Olha só, ele tá lendo revistinha em quadrinhos!"
O cara mal se virou e os olhos dele brilharam:
"Baaaaaaaaaaaaaah! Cavaleiros Do Zodíaco!! Deixa eu dar uma olhada!"
A guria ficou com cara de tacho. Eu devo ter feito uma cara triunfante de "viu só?".
Enquanto o Mister filosofia folhava o meu mangá, chega outro colega. Esse era aquele cara realmente sério, esforçado, inteligente, líder da turma, de quem todo mundo copiava o tema - e sim, depois dos vinte tem gente que ainda copia tema. O jeito como ele exclamou foi tão idêntico, tão digno de um déjà vu, que vou até dar ctrl+c ctrl+v na frase de antes:
"Baaaaaaaaaaaaaah! Cavaleiros Do Zodíaco!! Deixa eu dar uma olhada!"
A guria fez uma cara de "não acredito nisso." Agora dava pra ver que não conhecer Cavaleiros do Zodíaco é uma afronta a um jovem que teve uma televisão na infância.
Nós três ficamos conversando sobre a série até começar a aula. E a guria ficou ali, sem saber o que dizer.

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